Concebemos a escola como uma rede de relações que permite enriquecer continuamente todos os envolvidos de maneira criativa, expressiva, comunicativa e afetiva. Nesta rede estão como crianças, como educadoras e os pais construindo juntos uma forma de viver a casa do bebê. Através desta retroalimentação constante, constituímos significados individuais e coletivos, dando sentido conforme nossas existências e a existência.

Na Baby House a criança é vista como agente de seu próprio conhecimento, como protagonista e ativa, alguém que aprende por meio da interação com o meio e com outros parceiros, que investiga e desvenda o mundo pelas suas indagações. Para a escola uma interação introduzida na criança no ambiente, estimulando-a participar, a construir ea ser protagonista em uma atitude participativa e colaborativa, que acontecerá na vida que partilha com o grupo de amigos.

Nesse sentido, consideramos na Baby House que o espaço converte-se em um parceiro pedagógico. Por sua vez, as ações desenvolvidas pela criança serão desafiadas pelos materiais, os brinquedos e do modo como organizamos o espaço. Nesse cenário, o educador deverá observar criteriosamente seu grupo de crianças e pensar o quê, como e por que disponibilizar diferentes materiais (de toda ordem e de diferentes naturezas, estruturados e não estruturados, tudo o que possa permitir a interação e a construção de conhecimento da criança).

Nesse processo interativo, destacam-se dois aspectos: o acesso autônomo das crianças a esses materiais e as diferentes linguagens que serão privilegiadas e construídas nas interações com eles. Há, assim, uma mudança de paradigma importante: passa-se da centralidade de atuação do professor a um protagonismo da criança regido pelos brinquedos, móveis e objetos planejadamente colocados para o seu desafio e para a sua interação (HORN, 2017). Portanto, toda a energia do professor se concentrará nessas ações, em estudar, refletir e elaborar como vai desafiar as crianças com a organização do espaço interativo. É um fazer pedagógico que permitirá à criança agir sem o auxílio do adulto, levando em consideração suas necessidades básicas e potencialidades.

Outro aspecto importante de observar é que a organização do espaço ajuda a criança a estruturar as funções motoras, sensitivas, simbólicas, lúdicas e relacionais. Através do uso do espaço podemos promover a identidade pessoal das crianças, o desenvolvimento de suas competências, a construção de diferentes aprendizagens e oportunizar contato social e a privacidade. Já em relação ao espaço externo, é possível propor brinquedos de manipulação e construção, jogos de movimento, jogos imitativos, além de um espaço não estruturado para possibilitar jogos de aventura e imaginação.

Esta visão que temos da escola e que compartilhamos entre todos, supera as barreiras físicas e altera nossa forma de nos relacionar com a aprendizagem das crianças. A escola
que pensamos e oferecemos às crianças é um lugar acolhedor e agradável, onde elas ficam confortáveis, relacionam-se umas com as outras e com os adultos e se expressam livremente sem limitar sua criatividade. Uma escola que não tem estruturas rígidas, limitantes, mas que acredita nos espaços como experiência de relação e comunicação. Uma escola alegre e amigável, que aceita e promove a exploração das crianças. Onde as crianças encontram um sentido da vida. Uma escola que oferece a possibilidades de se ver, de se encontrar e de conversar em situações cotidianas e extraordinárias.

O espaço pensado para crianças pequenas deve contemplar o atendimento de suas necessidades e características − com certeza, muito diferentes das necessidades de crianças maiores e dos adultos. Entre as questões abordadas nessa perspectiva incluem-se os materiais apropriados a cada faixa etária, o mobiliário específico e, principalmente, os lugares para brincar e estar em contato com a natureza, com foco na construção da autonomia infantil.

Frente a esses aspectos podemos afirmar que a organização do espaço físico tem impacto tanto em termos de organização das crianças, quanto no trabalho das educadoras. Para as crianças o espaço pode ser um limitador, ou um estimulador e potencializador em seu processo de aprendizagem. Um ambiente organizado, ajuda a criança a ter organização de pensamento e oferece suporte as suas descobertas e interações. Nesse sentido, com o espaço podemos proporcionar inclusive mais autonomia às crianças, não as limitando a ficar apenas centradas no adulto. Ao adulto o espaço, quando organizado de forma a propiciar isso, traz também maior possibilidade de observar e perceber os movimentos das crianças e até mesmo a intervir de modo mais adequado quando necessário.

Acreditamos que o espaço é como um terceiro educador, um lugar que também ensina, ao qual o professor se alia. Organizamos, na Baby House, os espaços e ambientes para oportunizar as relações afetivas entre os indivíduos, que envolvem as sensações, recordações, simbologias e criações que perpassam por esses espaços e adentram a vida cotidiana das crianças.

Para que as crianças desenvolvam todo seu potencial precisam encontrar um meio material e social enriquecido e um ambiente com um amplo leque de ofertas que abarquem todos os aspectos de seu desenvolvimento: motor, cognitivo, comunicativo, socioafetivo e que respeitem o modo como elas aprendem. O espaço concreto deve ser convidativo, estimulante à criança, com materiais variados e que se constituam como um convite à brincadeira construtiva, à interação entre pares e a experimentação segura.

Os materiais também são muito importantes, a qualidade, a forma como são apresentados as crianças e o tempo que terão para exploração. Alguns servem para diferentes níveis, de acordo com o uso que as crianças fazem deles. Por exemplo, em uma turma de 1 a 2 anos, as crianças podem usar um copinho de brinquedo para dar de beber a uma boneca, enquanto outra se dedica à enchê-lo de peças. Assim, o mesmo objeto é empregado em uma brincadeira mais simbólica e para uma brincadeira sensório motora, conforme o momento de desenvolvimento ou os interesses de cada um. Para os bebês, por exemplo, seus corpos e sua força são colocados à prova e a criança necessita de um espaço que possibilite essa experimentação.

Nessa idade a segurança da marcha é algo fundamental que possibilita que a criança se volte com mais intensidade ao mundo exterior. Conhecer esses aspectos são de muita relevância, uma vez que a construção do espaço pode ir ao encontro disso, potencializando os processos da criança, ou pelo contrário, pode influenciar negativamente quando impossibilita a construção desses processos. Daí a importância de se conhecer tanto as crianças em suas singularidades, mas também aspectos inerentes a cada momento do desenvolvimento infantil.

Espaço para bebês de zero a 2 anos

Pensando em turmas de crianças maiores, é possível na construção desse espaço possibilitar que elas possam escolher os materiais em suas atividades, por exemplo. Isso implica em fomentar uma autonomia tanto para lidar com um objeto, como para guardá-lo. Isso auxilia não apenas na organização e responsabilidade, mas também serve de exercício cotidiano de classificação, comparação de quantidades e identificação de qualidades.

Na Baby House pensamos e organizamos o cotidiano das crianças em um ambiente tranquilo e protetivo em que ela sinta como um refúgio, um local acolhedor que está povoado de suas histórias e memórias, fotos e produções que criam em suas aprendizagens.

(Por Andressa Teodozio, Gardia Vargas e Ana Paula Machado)

Referências

HORN, Maria da Graça Souza. Brincar e Interagir nos Espaços da Escola Infantil. Porto Alegre: Editora Penso, 2017.

Barbosa, MCH & Souza, MG Organização do Espaço e do Tempo na Escola Infantil. In: CRAIDY, C .; KAERCHER, GE Educação Infantil. Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.